HISTÓRIA --------- Os grandes teólogos nos legaram uma farta fonte de literatura e esboço teológico durante várias fases da estrutura do pensamento, procedente da filosofia. Permitiu que os homens fizessem uma reflexão em áreas e assuntos como: Deus, O Paraíso, O Sacerdócio, A Salvação e outros. Os grandes teólogos, dos três ramos do cristianismo referente a igreja católica, protestante e ortodoxa lançaram mão de uma linguagem e estilos novos, abordando questões de interesses universais fazendo com que a teologia, que era privilégio dos sacerdotes e teólogos de profissão, tornem-se conhecida de todos. Atualmente todas as classes sociais e todas as áreas da vida foram atingidas pela mudança trazida por Hegel. Está mudança projetou-se primeiramente na filosofia depois na arte, na música, cultura em geral e por último na teologia. É de fundamental importância que não só os estudiosos da Bíblia, mas o povo em geral não fique indiferente quanto a história do pensamento cristão, principalmente depois de Hegel, para que possam ser devidamente iluminados e esclarecidos, alcançando, com isto, uma visão do passado podendo interpretar o presente e adquirir condições de construir uma base para questionamentos relacionados ao SER, ao MUNDO e a DEUS. Os teólogos contemporâneos, apesar de ameaçarem a ortodoxia da igreja, trouxeram também o seu fortalecimento. O período das trevas foi o tempo em que a igreja reinava absoluta levando as pessoas e o mundo à uma centralização política monarquica, tendo a sua afirmação imposta pela Igreja Apostólica Católica Romana. Ela concebia um modelo de homem e de sociedade obediente à Igreja e voltado para as especulações do mundo espiritual. Com o Renascimento e os acontecimentos ocorridos praticamente em todas as áreas do conhecimento cultural, filosófico e principalmente a volta à literatura clássica grega, passam a reler as Escrituras tendo o homem como o centro de todas as coisas. Com o aparecimento do racionalismo(humanismo), onde o homem passou a pensar, a razão começa a definir o conhecimento e, diante de todas estas transformações dá origem a reforma protestante. Também neste período surgem muitos filósofos procurando desvendar os mistérios antes revelados pela fé, e que agora queriam explicar pelas operações racionais(pelas verdades estabelecidas pela razão). Mesmo diante de tantas caminhos não se chegava a lugar nenhum, e qual a garantia de que um pensamento é verdadeiro? Foi nestas expectativas, da procura de um método que tivesse uma base segura que Hegel surge com um novo método e deflagra uma nova era inaugurando o pensamento contemporâneo apresentando uma saída à vários questionamentos filosóficos, e uma nova maneira de pensar. Também deixou um grande desafio para a Igreja, pois, ao mudar o conceito de verdade fez que teólogos dessem origem a Teologia Liberal. Quando admito chegar a verdade por síntese eu acabo com a verdade absoluta. Não existindo verdades absolutas, tudo fica relativo. O grande desafio da teologia era contextualizar a Palavra de Deus. Explicar a Palavra e dar uma respostas a uma geração que agora pensa por síntese. Ética e Moral cristã que é fundamental, passa a ser combatida cruelmente por esta nova maneira de pensar. Na tentativa de darem respostas na defesa da fé, de Hegel até os dias atuais, os teólogos deram origem a muitas teologias. A teologia cristã do século XX divide-se em três correntes principais, são elas: Corrente Tradicional, Corrente do Regresso às Fontes e a Corrente Moderna. A Corrente Tradicional é a que prolongava a investigação teológica segundo as linhas transmitidas pelos séculos anteriores, filosóficas, na figura de teólogos como Schleiermacher, Baur e Rtschl que representava a escola liberal, onde tinham como fundamento principal o interpretar a revelação com os critérios racionalistas (iluministas). A Corrente do Regresso às Fontes origina-se a partir de 1913, depois da I Guerra Mundial, decorrente da decadência da Corrente Tradicional, quanto ao método e a contextualização filosófica; daí a exigência de traduzir a mensagem cristã em formas novas. Os teólogos protestantes, então, passaram a recorrer ao modelo dos reformadores, reconhecendo ser o mais adequado porque é menos racional e polêmico (metafísico por um lado, e por ouro, mais histórico e bíblico). Com o nome significativo de "neo-ortodoxia" , o Movimento do Regresso às Fontes , foi promovida por Karl Barth e continuado por Reinold Niebuhr, Emil Brunner, Dietrich Bonhoeffer ; suas inspirações tinham como fonte primária a teologia de Lutero e Calvino, onde estavam decididamente com vontade de superar o racionalismo da Teologia Tradicional que tinham levado à total dissolução da fé. A Corrente Moderna despertou na teologia o lado da forma conceitual moderna, devido a falta de compreensão do conteúdo, expressando-a em categorias filosóficas. Utilizavam-se de conceitos da ciência moderna e da filosofia moderna. Enquanto os antigos e os medievais compreendiam as coisas e a si mesmo partindo do mundo(cosmos), os modernos compreendem tudo partindo de si mesmo. Segundo estes teólogos o homem precisava de uma pré-condição existencial para a interpretação da revelação. O existencialismo, pela filosofia, é a única pré-condição de que o homem dispõe para se apropriar pessoalmente da mensagem. Nesta teologia encontramos como principais representantes Bultmann, Bonhoeffer e Paul Tillich. Defendiam que o existencialismo era a filosofia "certa", que oferecia as representações apropriadas para a interpretação da Bíblia. Paul Tillich foi provavelmente o que mais se destacou dentre os teólogos da Corrente Moderna . Apesar de seguir a linha do existencialismo não adotou o método Hegeliano, como Bultmann havia defendido, mas um existencialismo com características metafísicas, desenvolvendo um método próprio. Construiu um sistema teológico sobre a correlação: pergunta filosófica e resposta teológica. Estas questões, segundo Tillich, são para deixar e fornecer além de uma linguagem inteligível, toná-las mais interessantes. A teologia, em uma linguagem mais fácil, poderemos considerar como um discurso sobre Deus. Explorar a realidade divina e definir a relação do próprio SER com o de Deus. O protestantismo, contraindo para si a responsabilidade de dar respostas quanto a estas questões, não parte de proposições elaboradas pela inteligência humana, como em culturas pagãs, mas em fornecer os conceitos a partir de verdades recebidas da revelação divina, tornando-se um discurso sobre a Palavra de Deus. As teologias possuem suas variações devido a busca do aprofundamento da compreensão das Escrituras e está atrelada aos instrumentos de auto-compreensão de que os homens dispõem e, que estas mudam de uma época para outra e de lugar para lugar. No decorrer da história apareceram vários discursos, teologias, como fruto de seu tempo. O discurso dos escolásticos é diferente dos reformadores e, o dos neotomistas é diferente dos existencialistas. Os escolásticos apresentam a Palavra de Deus, segundo a filosofia aristotélica e, os reformadores, segundo categorias em grande parte do platonismo; os neotomistas valem-se de esquemas conceituais de Sto. Tomás de Aquino; os teólogos existencialistas, recorrem à concepção da existência desenvolvida por Heidegger, o fundador do existencialismo. A teologia tem como elementos fundamentais, dois princípios supremos: O princípio arquitetônico e o princípio hermeneutico. O princípio arquitetônico é a fonte onde encontramos a revelação divina; Palavra ou assunto relacionada com a existência de Deus e a história da salvação. O princípio hermenêutico está relacionado com o método utilizado para interpretar a revelação, usando recursos da filosofia de seu tempo. Considerando que a formação de uma teologia em qualquer época, é em cima destes dois princípios, percebe-se que o auge e o declínio de qualquer uma delas acontece exatamente com o surgimento, florescer e a decadência da filosofia que lhe serve de suporte (princípio hermenêutico). É o que podemos observar com a teologia católica, que teve seu triunfo com Sto. Agostinho e Sto. Tomás de Aquino, onde coincidiram com o auge e expansão da filosofia neoplatônica e aristotélica. A mudança de pensamento trazida por Hegel e, as contribuições advindas do período do renascimento, deram surgimento há uma nova fase da teologia. A formação de novas filosofias como o existencialismo, o personalismo e o neotomismo e com o contato mais interpretativo das Escrituras, promoveram um despertar teológico durante o século XX. Diante de uma cultura totalmente transformada, os teólogos são desafiados e obrigados a dar respostas por parte da igreja à uma sociedade que se perdeu por causa da secularização. Na tentativa de se tornarem eficazes intérpretes da Palavra de Deus aos homens, os teólogos passaram a julgar as Escrituras pela razão, sendo influenciados pela filosofia de seu tempo, dando origem à várias teologias, onde as principais são: O caminho da Morte de Deus, O caminho da esperança, O caminho da praxis e o caminho da cruz. Evidentemente que estas novas teologias foram uma ameaça a ortodoxia da igreja, visto que na sua maioria colocava a Bíblia em cheque, acabando com o princípio da inspiração bíblica, como revelação única de Deus. Em nome da alta-crítica e da racionalidade, vários textos da bíblia foram eliminados. Ao mesmo tempo que a fé tentava se manter intacta, através dos teólogos ortodoxos que continuavam firmando posição com relação ao conjunto de credos e doutrinas que eram aceitos oficialmente de um modo geral, era confrontada por uma teologia que procurava contextualizar-se com a realidade vivida, fazendo uma releitura da Bíblia a partir da filosofia vigente. Aquilo que não encontrava respaldo na razão pura, deveria ser eliminado em nome dessa nova teologia. Não podemos negar que as teologias, nas suas várias formas, épocas e circunstâncias deixaram de contribuir para o amadurecimento do pensamento do indivíduo. Devemos olhá-las como esforços e caminhos trilhados pela igreja na tentativa de se chegar a verdade, com as melhores das intensões. São discursos teológicos que nos auxiliaram a fazer uma reflexão da historia do pensamento humano nas atividades relacionadas com o mundo e a existência de Deus. O que nós podemos verificar hoje é que, tanto na igreja católica, ortodoxa e protestante existiram grandes homens, pensadores cristãos excepcionais (Rahnner, Congar, Guardini, Barth, Tillich, Bultmann), que procuraram dentro de suas limitações, interpretar as Escrituras contribuindo para o desenvolvimento cultural de sua época, apresentando para os homens, um Deus diferente, capaz de interagir-se com seus problemas sociais.